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A hora do impacto: como funciona a balística terminal

14 MAI 2025

O estudo da balística terminal foca no que acontece quando um projétil atinge seu alvo — o momento mais crítico de toda a trajetória.

Ao contrário da balística interna, que trata do projétil ainda dentro da arma, e da balística externa, que acompanha seu percurso no ar, a terminal concentra-se nos efeitos ao colidir com tecidos vivos ou superfícies materiais.

É nesse instante que a energia cinética acumulada se converte em trauma, destruição e, muitas vezes, em informações valiosas para a ciência forense.

O que determina os efeitos de um impacto?

A intensidade e o padrão de lesão resultantes de um disparo variam conforme as propriedades do projétil e as características do tecido atingido. Velocidade, massa, calibre, forma e comportamento terminal (expansão, fragmentação ou guinada) influenciam profundamente os danos.

Projéteis expansivos, como os de ponta oca, ampliam a área de destruição ao abrir-se dentro do corpo, aumentando a transferência de energia por centímetro percorrido.

Tecidos com elasticidade reduzida, como fígado ou cérebro, são mais vulneráveis à cavitação — fenômeno onde o deslocamento abrupto de fluidos internos forma cavidades temporárias muito maiores que o canal permanente deixado pelo projétil.

Três formas principais de dano

A balística terminal identifica três mecanismos predominantes de lesão:

  • Laceramento e esmagamento: dano direto causado pelo projétil ao abrir caminho pelo tecido.

  • Cavitação: a formação de cavidades temporárias, que esticam e rasgam estruturas ao redor do trajeto.

  • Onda de choque: variações de pressão provocadas por projéteis de alta velocidade, capazes de danificar órgãos próximos mesmo sem contato direto.

Em órgãos como o baço, o impacto da cavitação pode ser tão severo que causa ruptura mesmo longe do trajeto da bala.

Ferimentos e suas classificações

Os ferimentos balísticos são classificados em:

  • Penetrantes: quando o projétil permanece dentro do corpo.

  • Perfurantes: com orifício de entrada e de saída.

  • Avulsivos: quando há perda de tecido significativa, comum com munições de alta energia.

A medicina forense valoriza a análise das feridas: as de entrada costumam ser mais regulares, enquanto as de saída são mais amplas e irregulares.

Ferimentos a curta distância podem conter resíduos de pólvora e sinais térmicos. Em disparos encostados, o efeito da expansão dos gases pode causar destruição interna desproporcional ao calibre.

Comportamento imprevisível dos projéteis

A loja Milenium Armas, de Itapira (SP), aponta que a trajetória de uma bala dentro do corpo raramente é linear. Ossos, músculos e fluidos desviam ou giram o projétil, alterando sua rota e complexificando o padrão de lesão.

Fraturas ósseas geram fragmentos secundários que agem como projéteis adicionais, e em ossos do crânio, pode ocorrer o chamado “efeito buraco de fechadura”.

Além disso, há casos raros como embolia por projétil, em que fragmentos entram na corrente sanguínea, e plumbismo crônico, quando fragmentos de chumbo alojados intoxicam o organismo ao longo do tempo.

Para saber mais sobre balística terminal, acesse: 

https://sanarmed.com/resumo-de-balistica-forense-interna-de-efeitos-e-externa/

https://www.academiadearmas.com/balistica-terminal-um-pequeno-apanhado-sobre-o-assunto/


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