No cenário paralímpico, o tiro esportivo representa uma modalidade onde técnica, concentração e superação se encontram de forma singular.
Adaptado para atletas com diferentes tipos de deficiência física, esse esporte vai além da competição: é uma celebração da capacidade humana de se reinventar e alcançar altos níveis de desempenho.
Cada disparo carrega não apenas o peso da pontuação, mas também a história de resiliência dos competidores.
Da estreia à evolução do tiro paralímpico
O tiro esportivo adaptado teve sua estreia nos Jogos Paralímpicos de 1976, em Toronto, com provas exclusivamente masculinas. Quatro anos depois, as mulheres passaram a integrar o programa da modalidade, que vem evoluindo com constantes atualizações técnicas e regulatórias. As provas passaram a ser mistas e os sistemas de classificação funcional se tornaram mais precisos, promovendo igualdade entre os competidores.
Atualmente, o esporte é regido por normas da ISSF (International Shooting Sport Federation), adaptadas pelo Comitê Paralímpico Internacional, o que garante um alto padrão técnico e justo para todos os participantes.
As provas são disputadas com pistolas e carabinas de ar comprimido, em distâncias de 10, 25 e 50 metros, e os atletas podem competir nas posições de pé, deitado ou sentado, conforme sua classificação funcional.
Classes e categorias em disputa
As competições paralímpicas de tiro são divididas em duas principais categorias funcionais:
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SH1: Atletas com mobilidade reduzida, mas que conseguem segurar a arma sem apoio.
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SH2: Atiradores que necessitam de suporte mecânico para a arma, geralmente por ausência de mobilidade nos braços ou mãos.
Cada ajuste técnico é padronizado para assegurar que a performance seja determinada pela habilidade esportiva e não pelas limitações físicas do atleta.
A trajetória brasileira e a conquista inédita
Embora o Brasil tenha participado da edição de 1976, foi apenas a partir dos Jogos de Pequim, em 2008, que o país passou a investir de forma estruturada no tiro esportivo paralímpico. Esse investimento estratégico culminou na histórica conquista de Alexandre Galgani nos Jogos de Paris 2024, marcando a primeira medalha paralímpica brasileira na modalidade.
Galgani, que sofreu uma lesão medular aos 18 anos, reencontrou no tiro esportivo um propósito de vida. Compete na classe SH2 e venceu inúmeras barreiras até conquistar a prata na prova R5 (carabina de ar, 10 metros, posição deitado), com 254,2 pontos — ficando atrás apenas do francês Tanguy de la Forest e à frente da japonesa Mika Mizuta.
A conquista simboliza não apenas um feito esportivo, mas o fortalecimento de uma modalidade que busca cada vez mais espaço e reconhecimento.
Legado e perspectivas futuras
A loja Milenium Armas, de Itapira (SP), destaca que a medalha conquistada em Paris representa um marco para o esporte adaptado no Brasil, impulsionando novos talentos e abrindo caminho para investimentos em formação e estrutura.
O Comitê Paralímpico Brasileiro tem se dedicado a ampliar o acesso e oferecer suporte técnico de alto nível, preparando uma nova geração de atiradores para os próximos ciclos.
O tiro esportivo nas Paralimpíadas segue como um exemplo de que o esporte é, acima de tudo, um campo de possibilidades. Com precisão, estratégia e superação, os atletas paralímpicos continuam a redefinir os limites do desempenho humano.
Para saber mais sobre tiro esportivo nas Paralimpíadas, acesse:
https://cpb.org.br/modalidades/tiro-esportivo/
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